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Palavras de Areia ®

Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã. Poemas meus e desabafos de amor e de vida.

Palavras de Areia ®

Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã. Poemas meus e desabafos de amor e de vida.

27.10.18

Greve, a que tanto obrigas...


Maresia

Greve, a que tanto obrigas o Estado? Ah! Não! A que tanto obrigas o povo, os portugueses. E sim, para quem ainda não percebeu, nem todos os portugueses são funcionários públicos. A realidade do privado, recibos verdes e conta própria é bem diferente. Todos somos iguais, mas só na biologia, não na democracia.

Por exemplo, quando uma escola fecha, são as crianças e as suas famílias os mais prejudicados. E quando se regressa à escola, os programas curriculares são na mesma para cumprir e a matéria para testes e exames tem na mesma de estar sabida.

Na minha realidade, deparo-me com o egoísmo de um agrupamento escolar que não permite que o ATL - Eb1JI Portela de Sintra - mantenha o seu funcionamento em dias de greve no espaço escolar, mesmo havendo total disponibilidade do CAF/APEE (Componente de Apoio à Família / Associação de Pais e Encarregados de Educação) para o fazer. Nenhum funcionário da escola ou professor seria obrigado a trabalhar, mas pelos vistos, entra em colisão com os interesses grevistas de alguns, como se comunidade escolar tivesse dois lados de uma barreira. Estes pais e muitos outros pais deste país, sem a quem recorrer, desesperam por não ter com quem deixar as crianças, se lhes for permitido tirar o dia, vão perdendo dias de férias ou, simplesmente, veem os dias descontados no final do mês, colocando em causa o seu próprio emprego.

A greve deve afetar o funcionamento normal de um serviço, mas acima de tudo, deve atingir a entidade empregadora, o Estado.

Pois bem, nestes dias, o Estado poupa uns milhares de euros em ordenados, poupa na conta da luz e da água, no combustível, enfim, e os funcionários públicos ganham um fim de semana prolongado. Porque não greves à quarta?

Nos hospitais e centros de saúde, os doentes perdem dias de vida (no sentido abstrato e literal). Com a falta de transportes públicos, portugueses, impossibilitados de conseguir chegar ao trabalho, veem o salário reduzido. Contribuintes veem os seus direitos adiados. 

Enfim, uns portugueses que pretendem lutar pelos seus direitos, acabam por atacar os outros, que pagam impostos como eles. O Patrão, esse, assiste de bancada, com direito a desconto no bilhete desse dia.

Em maio, deste ano, os motoristas da cidade japonesa Okayama fizeram um protesto, a sua greve, que consistiu em transportar todos os cidadãos interessados sem cobrar bilhete. Circularam normalmente, gastando combustível e mantendo o desgaste dos veículos, mas prejudicando a entidade empregadora e não os seus concidadãos.

Fica a sugestão. Protestar visando prejudicar e afetar o Estado. Fazê-lo ter despesa, não fazer entrar dinheiro nos cofres nesse dia, não cobrar pagamentos e taxas,... Pensar o protesto não com o vosso umbigo, mas com o de todos os portugueses.

E já que todos temos direito à contestação, aqui deixei a minha, pois também acredito na força das palavras.

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21.10.18

Pelo caminho


Maresia

Miúda! Vai descendo a calçada,
ainda estonteada pelo abraço.
Sorri para as camélias,
acelera o passo,
evita correr e saltar de entusiasmo.
O sol brilha perante tanta alegria.

Mulher! Percorre a rua movimentada,
Atrasada, em passo de corrida.
Indiferente ao mundo,
Perdida nos pensamentos,
Evita sorrir e revelar desejos.
O vento sopra levando o beijo.

Senhora! Vai subindo as escadinhas,
Derrotada por aquele adeus.
Erguendo a sua dor ao céu,
Sufocada por aquele amor,
Evita gritar o aperto que tem no peito.
A chuva lava a alma e as lágrimas.

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11.10.18

Desabafo...O mundo é dos loucos


Maresia

O mundo é dos loucos, dos que devaneiam e deslumbram os outros (ditos sensatos) com as suas ideias delirantes.

Que desespero temos em nós, que nos entregamos à ditadura, ao preconceito, à corrupção, às mentiras absurdas e descaradas de seres humanos endeusados pela sua insanidade?

Qual a motivação para estas escolhas?

Talvez, na verdade, todas opções sejam sacos cheios de ganância, mentiras e interesses, vazios de integridade, esperança e de mudança. Talvez, a identificação seja mais forte com a raiva, com o ódio e com as palavras duras que se ouvem.

Mas por maior que seja a minha raiva pelo caminho que tomámos, pela corrupção avassaladora nos vários domínios da sociedade, terei que perceber que aquelas palavras de mudança, de ódio, de exigência, vão levar consigo os mais fracos, os indefesos, os que não procuraram guerra, nem dinheiro, mas sim liberdades e direitos. Os que encheram os sacos de dinheiro e arrogância vão continuar por aí…

Se para eu ser grande (e pior é já o facto de eu querer ser grande) eu tenho de arranjar forma de destruir os outros, deixar o meu ego gigante aniquilá-los com o meu preconceito e ideias tacanhas, que seja! Deixai-me ser um Deus, neste planeta de gente cega, e eu farei a minha escolha seletiva…afinal, já todos sabemos como se faz.

Entreguemos os nossos destinos nas mãos dos loucos e mais tarde, estaremos de novo juntos, de mãos dadas, em memoriais e homenagens hipócritas, por aqueles que se mantiveram lúcidos e corajosos ou simplesmente foram arrastados por estas ondas de desumanidade.    

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