Ser verão
O verão chegou, meio disfarçado, de chapéu e casaquinho, mais esbatido e sombrio. Poder-se-ia dizer que é da idade, que já não tem o espírito soalheiro de outros tempos, que já lá vai o tempo em que se aguentava na rua dias inteiros. Porventura, não será culpa sua, será nossa...
Mas com ele continuam a vir os dias mais longos, tic-tacs demorados das tardes quentes, das férias. As crianças brincam na rua, controem castelos de areia, os crescidos correm para as esplanadas, é tempo de espairecer, bater o pé na calçada.
Em casa abrimos as janelas, abraçam-se as cortinas. É altura de arejar as casas, de pintar as paredes, limpar as teias e as poeiras. Fazer do ninho uma tela de veraneio, de luz e de côr.
Com o verão ganhamos leveza, sorrimos mais, brilhamos mais. Que seja este o espírito! Que sejamos verão, sol e areia solta!
E se vier uma chuva, um vento mais fresco, que assim seja, a mãe Terra até agradece.
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