Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Aos Deuses, Clamo por força e vida! Que meu corpo seja Templo... Um frontão à paz e ao amor. O meu sangue, paixão. O meu sorriso, gratidão. Os meus olhos, verdade. Que minha alma seja pórtico... Guardiã de luz e energia. Cada coluna, um sentir. Cada capitel, um saber. Cada pedra, uma palavra. Aos Deuses, eu clamo!
Do nada...a vida te surpreende... O mundo gira, acerta os ponteiros. Ficas sem chão, em queda livre... Acordas para a realidade. Os teus poros transpiram os teus medos, O teu peito acelera as emoções, A tua alma acende-se. É hora de tomar o pulso ao destino... A vida não é feita de enganos... Tudo são lições...abanões. Faz valer cada dia... cada momento... Acredita, amanhã será uma nova oportunidade. E que, quem sabe, um dia, naquele... Saberás que tudo valeu a pena. Valeu!
Num espelho de água, Mergulho em mim. Olho-me no fundo dos meus olhos. Fito-me, miro-me, sinto-me. Viro-me do avesso. Despida... Sinto a terra nos pés, real. Sinto o vento na pele, frio. Sinto a dor no peito, sofrida. Morro um pouco, choro. Abraço o silêncio, o vazio. Venho à tona... Imagino o sonho, Pinto-o de amor, Perfumo-o de prazer. Solto o poema, do âmago. Apago as luzes, Acendo as estrelas, Danço sorrisos, Rodopio segredos, E caio desamparada, zonza. Estupidamente, feliz e só.
De novo no Caminho de Santiago...pela escrita e com o coração
Maresia
Um dia, descobri o Caminho de Santiago. Espreitei-o, sorri-lhe e guardei-o num cantinho de mim como algo inspirador. Anos mais tarde, redescobri-o ou melhor, ele foi-me espreitando, sussurrando, aqui e ali, e um dia, percebi que era este o desafio, o alento, o sonho mais breve que eu queria, que eu precisava desesperadamente de concretizar. Eu, só eu e o Meu Caminho. E assim, respirei fundo, acrescentei uns quilómetros às minhas caminhadas diárias e em poucas semanas delineei o meu rumo, o meu mapa. A primeira escolha, sem hesitações, recaiu no Caminho Português da Costa… se algo havia a acrescentar ao meu deslumbramento pela estrada, o trilho, o verde, o bosque, a floresta, seria o mar, o meu mar. O ar puro é inspirador, mas se lhe juntarmos a maresia e a mais bela banda sonora de Neptuno, de ninfas e marinheiros, somos levados por ventos favoráveis.
O ponto de partida, Caminha, eu e o meu coração português a velejar rumo à Galiza, para conquistar os meus sonhos e me deslumbrar com um mundo novo. A Guarda e Mougás, as primeiras conquistas, provas de fogo, ao sabor do vento e das ondas. E assim, perfumada e salgada alcançaria, Nigrán, Vigo e Redondela. Aí, seguindo a Estrela Polar por veredas, bosques, pontes e estradas romanas, a chegada a Santiago de Compostela e um reencontro marcado comigo mesma. As pernas a pesarem, todo o corpo um queixume, mas o coração a palpitar, os olhos a brilhar de luz e lágrimas, um chorar a sorrir pelo fim, mas também, por um novo recomeço. A pessoa que ali chega não é certamente a mesma que sonhou um dia fazer o Caminho de Santiago. E assim foi.
Dez dias, dez etapas, dez desafios, dez conquistas, dez dias de ouro para rechearem este tesouro, que é a Vida.
E assim, vou rabiscando e tecendo uma manta de memórias, sonhando que um dia se tornem páginas de um livro, com cheiro a papel, pinhal, terra molhada e maresia.
Não quero ser Rainha… Nem bela, forte e imponente Princesa, Cercada, murada e segura. A bramir honras, a rezar por boas novas, Votos seculares, guardiões de dignidade. Que brava! Assim, tão sobrevivente a tudo… Afinal… Sobrevive, sempre, quem não sai do lugar.
Quero ser Mulher… Quer ser crua, guerreira e poetisa… Livre, pensante e corajosa. A afirmar valores, feitos e conquistas, Valores verdadeiros, panteões de humanidade. Que brava! Assim, vivendo tudo a cada dia… No final… Vive, sempre, quem muda de lugar.
Se me visses agora, Olhos nos olhos, Se me sorrisses, Certamente, correrias para os meus braços. Que saudades eu tenho de ti! E daqueles que então podias beijar. Não segui a estrada dos teus sonhos, Afinal, nem sempre encontrei campos verdejantes, nem pude visitar todos os castelos. Deixei-me encantar pelas quedas de água, pelas arribas, corri a olhar o nosso céu estrelado... E caí, caí muitas vezes. Levantei-me outras tantas. Os nossos longos dias foram-se encurtando...fugiram-me entre os dedos. Mas sonhei, sonhei sempre. E escrevi, escrevi sempre... (A mãe diz que tenho tudo escrito) Sabes, contigo descobri que escrever é trazer os sonhos para a nossa realidade. É tocar-lhes de mansinho e sentir-lhes o cheiro. E cantei e dancei, tal como naquele varandim do 3.°andar. Se me visses agora, nem acreditarias, nem quando te visses nos olhos dos meus três seres mágicos. Sim, a magia existe e eu sou feiticeira. Só tens de acreditar... Mas agora, tudo é mais sério, não sou a dona do nosso mundo, ele muda quando quer e dói quando me vai roubando ao coração. Mas ainda tenho em mim a tua vontade de viver e de descobrir o mundo. Quarenta anos passaram, já imaginaste?? Se me visses, estranharias as marcas do tempo e das quedas. Dir-te-ia que fizesses diferente, que nem todos descortinam a tua transparência, que desses aquele abraço que eu não dei, que sorrisses sempre e dir-te-ia que o amor e os afetos são o maior tesouro deste mundo.
Aqui, criança, eu, literalmente, no tal varandim do 3.° andar.