Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Mesmo na penumbra, Vi em ti uma vida inteira, Nasceu em mim outro ser, Naquela hora. Não sei se acordei dum sono profundo, Ou se ali me entreguei a um sonho eterno. Sei que a cada vislumbre de ti, Em cada pétala dos teus gestos, Em cada semente, tuas palavras, Te tomei inteiro, Predestinado.
A língua é um instrumento mágico e poderoso, que nos dá infinitas possibilidades. As palavras são moedas de ouro no nosso baú do saber. Com elas enriquecemos o nosso conhecimento, a nossa capacidade de comunicação, a nossa infinita capacidade de sonhar. Amo a nossa língua, o Português. Sou imensamente grata por ter tido a oportunidade de aprender, estudar, ler, escrever. De viver num mundo de livros e palavras. A leitura e a escrita são para mim essenciais. Um dia sem escrever, sem mergulhar nas palavras, sem sentir linhas e versos, sem correr os olhos pelas sílabas é raro. Gosto de ler, de escutar, de aprender mais um pouco todos os dias, de viajar por outros lugares e de viver outras vidas nas histórias que leio... aquela sensação de virar a página, como quem curva na estrada e é surpreendido por uma paisagem deslumbrante... A Língua Portuguesa é sangue que me corre nas veias...o meu coração pulsa através das palavras e nelas respiro o meu ser e sentir. Sem elas... certamente, menos louca, menos sonhadora, menos absurda...mas tão menos eu, eu seria.
Sentada no espaço vazio, na sua reconfortante cadeira de braços, esperava... a porta encostada, convidava uma brisa fresca de esperança a entrar, um fio de ouro e luz iluminava o dia e o sonho. O silêncio apenas era cortado por alarmes falsos de passos e vozes roucas que seguiam o seu destino. Esperou. O sonho fez-lhe companhia quase até ao fim. Mas depois... depois veio o inverno. A brisa revoltada, tornou-se inquieta, gelada e cortava-a na pele. Adoeceu. Os dias escureceram, o sol partiu para outras paragens. Em noites de luar, ainda parecia escutar passos... Pouco antes, talvez numa última vã ilusão, ouviu chamar o seu nome. Mas não arranjou forças para responder de volta e apenas as lágrimas ousaram reclamar a desilusão. E quando chegou a hora, findado o tempo perdido, avançou levemente para a saída. De mão dada à áspera maçaneta, puxou a perra porta com todas as forças que lhe restavam. O estrondo quebrou-a num último estilhaço. Rodou a velha chave e partiu. Junto ao velho carvalho, ouviu três pancadas fortes...seria...não olhou para trás. Na fonte do largo, lançou a chave e lavou o rosto...para sentir um findo arrepio de vida. Seguiu o caminho, o das estrelas.
Assim vou arejando a minha cela abafada, Abrindo as portadas... Com versos de brisa e luz. Inspirando profundamente as paisagens, Ritmadas pelo pulsar do coração. E aqueles sonhos que se vislumbram no horizonte... Serão salvos. Serão aguarelas na tela da minha janela, Serão sempre poesia a espreitar. A próxima imagem, A próxima rima, A próxima estrofe, A próxima inspiração... Profunda.
Contei o meu segredo às folhas, Segredei-lhes os medos, Gritei-lhes as alegrias. Folhas, folhas, folhas! Donas dos bosques, caminhos e margens, Sabei vós que aqui sou eterna. Mais uma de vós, que serpenteia ao vento, Que escuta nos poros esta melodiosa vida... O coro das árvores, dos riachos, dos bichos. Folhas, folhas, folhas! Recebei o meu poema de Vida, O meu presente dos céus. A minha árvore, Meus ramos, meus versos, Meu canto, Viver. Águas, águas, águas! Levai as mágoas, Minha natureza morta. Lavai minhas mãos e pés Cansados e turvos da dor. Céus, céus, céus! Mandai-me a chuva, Que rega meus sentidos, Me arrepia e faz crescer os sonhos. Abri o sol sobre mim, Aquecei de brilho os meus olhos. E despida, trigueira, abraçada de luz, Tomarei a floresta, Enterrarei a alma nos lençóis de terra, Entrelaçada nos troncos, Agarrada as vós, folhas! Estrelas dos meus trilhos, Guardiãs do segredo, Viver.