Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Nos meus passos descalços, molhados, Vestida de frescura, maresia, Desafio as tuas ondas, quebradas, Inspiro o teu cheiro, bravura, No abismo dos pensamentos, mergulho, Danço a tua música, ritmada, Viola de cordas de água, encantada. Enamorada de ti, sou praia, Vieira do mar, nas tuas marés, Movimento o meu mundo, salgado, Ondulo nas vagas, esquecida... E marejada, avanço pelas águas, Tocada pela espuma, macia, Dissolvida no azul, esverdeado, E meu corpo a ti, entrego. Aí, fusão da alma, paixão, Sou a transparência que procuro Nos mistérios revoltos da tua imensidão.
Nos meus passos descalços, molhados, Vestida de frescura, maresia, Desafio as tuas ondas, quebradas, Inspiro o teu cheiro, bravura, No abismo dos pensamentos, mergulho, Danço a tua música, ritmada, Viola de cordas de água, encantada. Enamorada de ti, sou praia, Vieira do mar, nas tuas marés, Movimento o meu mundo, salgado, Ondulo nas vagas, esquecida... E marejada, avanço pelas águas, Tocada pela espuma, macia, Dissolvida no azul, esverdeado, E meu corpo a ti, entrego. Aí, fusão da alma, paixão, Sou a transparência que procuro Nos mistérios revoltos da tua imensidão.
Sobe ao alto dos teus sonhos, Apronta o teu arco de vida, Firma o teu corpo na coragem. Na ponta da flecha, a esperança. Foca-te na mira distante que brilha Nas cores deslumbrantes e eternas dos dias. Atenta. Não hesites, não duvides. Nunca. E faz voar certeira essa paixão!
O vento trouxera-lhe a mensagem naquele dia. Fora ele que despertara as portadas da janela e estas, sonoras, a despertaram a ela, arrancando-a de um sonho matinal, de um qualquer mundo paralelo de encontros desejados, temidos ou, simplesmente, imprevistos.
Rebolou na cama, sorriu e sentou-se. Estremunhada, despenteada, feliz.
Hoje, levantar-se-á nua, não só de roupa, mas de ontens. Quando colar os pés no chão frio e real, os seus passos serão os primeiros de novos dias, como uma criança que aprende a andar, que faz novas descobertas, que abraça novos mundos. Hoje, rebentarão de si asas de metamorfose, prontas para novos voos. Abrir-se-ão imponentes, baterão tão fortes que empurrarão para longe, com a sua força, as réstias de correntes que a prendiam, que esmagarão as sanguessugas que lhe chuparam a alma. Elevar-se-á nos ares, rompendo grades, rasgando os céus.
O vento mensageiro acompanhará a sua saga, soprará favoravelmente e, quando o dia terminar, estará coberta de luz, arrepiada de paixão, abraçada de amor.
Sou mulher, muito mulher. Mulher feita, quebrada, refeita. Nascida, crescida, vivida, sabida. Sou mulher, muito mulher. Mulher filha, mulher mãe, mulher. Amor crescente no peito, Amor crescente no ventre, Amor que explode das minhas mãos E te ofereço, te embala e te abraça. Sou o regaço que recebe a semente, Sou o ninho que te acolhe no meu peito, Sou gigante, quando te enlaço e protejo. Sou as asas do teu voo, quando te deixo. Sou mulher, muito mulher. Mulher dos mil ofícios, afoita. Meu beijo repousa em teu rosto, Na brancura do leito, Na doçura do bolo, No aroma do campo, Na frescura da água, Na luz que rompe na aurora E te espreita no quarto E te dá o alento, a coragem. Sou mulher, muito mulher. Sou a agulha e a espada. Sou o vestido e a malha. Sou a trança e a rédea. Sou a cama e o navio. Sou o açúcar e a pólvora. Sou a fada e a fera. Sou tanto...que mais eu quisera. Sou mulher, muito mulher.
Escrevo como quem invoca os elementos da Natureza, como quem inspira profundamente a Terra.
Na busca de um sol, que me ilumine e aqueça o peito e as ideias, ofuscada pela beleza do que vê o meu coração e pelo brilho dos meus olhos soletrados em lágrimas de luz. Um fogo que me queime de sentires, alma e corpo incendiados.
Na busca de um vento, que me leve daqui, para lá da linha do horizonte, rodopiando numa dança de correntes, de sopros inspiradores, que me trespassem de vidas. Um ar que me respire e entenda lúcido a minha loucura transgressora.
Na busca de um mar ou rio, onde naveguem os meus sonhos, como caminhos secretos para uma casa perdida, que me acolha por um tempo, numa dimensão ultrajante, que vivo secretamente, deliciosamente perdida do mundo, num mundo só meu. Uma água que me lave as impurezas da alma e que por ela escorram desejos, sedentos de poiso, de ondas.
Na busca de bosques, montanhas, vales, campos d’oiro e esmeralda, que me envolvam de espanto, me semeiem os passos, sonoros de vida, que se quer para além do trilho, do repouso das folhas, criando raízes imensas, com rastros de pensamentos que se deixam no passar. Uma terra perdida, primitiva, que me engula inteira, me tome como sua e me torne sua palavra.