À tona
Num espelho de água,
Mergulho em mim.
Olho-me no fundo dos meus olhos.
Fito-me, miro-me, sinto-me.
Viro-me do avesso.
Despida...
Sinto a terra nos pés, real.
Sinto o vento na pele, frio.
Sinto a dor no peito, sofrida.
Morro um pouco, choro.
Abraço o silêncio, o vazio.
Venho à tona...
Imagino o sonho,
Pinto-o de amor,
Perfumo-o de prazer.
Solto o poema, do âmago.
Apago as luzes,
Acendo as estrelas,
Danço sorrisos,
Rodopio segredos,
E caio desamparada, zonza.
Estupidamente, feliz e só.