Como é difícil dizer adeus…
Como é difícil dizer adeus, quando gritamos no nosso silêncio que queremos ficar. Como é difícil aceitar que, neste mar, navegarás sozinho ou não sairás do lugar, como numa espera interminável que não te levará a lado nenhum.
É preciso coragem e determinação para encetar viagens, descobertas, sonhos… Ah! Como é preciso, para que haja vida em nós e sangue a correr nas veias, levantar e passar das palavras aos atos! Mas há sempre um espírito guerreiro em nós, como quem se lança e mergulha num mar gelado, como quem luta pela (sobre)vivência do seu querer e sentir e depois do primeiro passo, os outros surgem, mais lentos ou apressados, e lá vamos nós atrás de nós próprios, que o tempo urge.
No entanto, como é mais difícil dizer adeus. Como se agora, preenchidos pelo sentimento e sonho, nos arrancassem as entranhas… A perda que vem sem avisar ou a perda que tem de acontecer para não nos perdermos de nós mesmos e da nossa essência doem. Dói sempre. E lá mais à frente, em mar alto, vamos desejar não ter saído do porto, vamos pensar que chegaria o dia, vamos sentir arrependimento, mas e se não, nunca…
Neste porto, a espera será infinita e infinito é o mundo na finitude dos dias que passam. Agora, fraquejando, de joelhos, é preciso içar as velas, enfunar as velas do peito de ar, largar as amarras e sair deste limbo de águas paradas, de poucos, de nadas.
É inevitável a despedida, quando é inalcançável aquilo que pedimos, que o coração sonhou, que o corpo suplicou. Temos de aceitar que não nos querem aqui, temos de saber a hora de partir. Não és, não serás…. Mereces um todo, que não este. Quem sabe, nesse mar sem fim, numa ilha perdida, encontres aquilo que te completa… e se a ilha for deserta, que a preenchas com a tua essência e aí, talvez, valha a pena ficar.