No fim.
Quando subir às estrelas...
Quando o vento me elevar às estrelas,
Chorem-me de sorriso no rosto,
Lembrem-se da minha verdade,
Das piadas, das bocas, da amizade sincera.
Flores, girassóis e margaridas, sem fitas.
Vistam-me de túnica branca, couraça romana, descalça.
Toquem músicas, as minhas, do coração.
Leiam poemas, os desabafos, tão meus.
Declamem Sophia, Eugénio, Pablo, Pessoa e Torga.
Contem as nossas histórias, alegres, aquelas de chorar a rir.
Com as minhas cinzas plantem uma árvore,
Quero ser raiz, crescer, dar frutos e flor,
Tocar o céu, ouvir os pássaros e o silêncio profundo.
À brisa, peço que venha despentear-me os ramos,
À chuva, que me mate a sede e me lave as folhas,
Ao sol, que me aqueça com um abraço e me dê vida.
Na minha sombra, ao meu abrigo,
Que descansem os sonhadores, se amem os apaixonados.
No fim, de alma, serei estrela que brilha na constelação,
No fim, serei tronco de vida, beleza na terra.
No fim.