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Palavras de Areia ®

Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã. Poemas meus e desabafos de amor e de vida.

Palavras de Areia ®

Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã. Poemas meus e desabafos de amor e de vida.

05.03.18

Os dias de agora...


Maresia

Cada vez mais, vejo pessoas exultantes com os seus animais de estimação. Passeiam os seus cães pelo parque, tratam-nos como se fossem filhos a darem os primeiros passos, carinhosos com os seus animais até mais não.
Todos os dias centenas de posts a defender os direitos dos animais inundam as redes sociais...outra centena de pedidos de ajuda para animais abandonados...
Em contraste, vejo velhos sozinhos, deambulando por aí, alheados nos bancos de jardim, caras que espreitam o mundo que corre por entre as frestas de uma janela, os mais afoitos pendurados nas ombreiras esperando que algo mude o seu dia, entregues aos seus pensamentos, ao seu abandono, à sua espera, à sua tristeza.
Não tenho nada contra gostar e tratar-se bem os animais de estimação, mas esta observação, leva-me a pensar que este mundo está virado do avesso, andamos com as nossas prioridades trocadas.
Cada vez mais pais, filhos e cães. Cada vez menos pais, filhos e avós.
Numa casa cabe um animal de estimação, mas nela caberá a nossa mãe, o nosso pai, a nossa sogra, o nosso sogro, a nossa tia, o nosso primo?
Estes velhos tão cheios de tudo, de vida, de memórias, de histórias, de sonhos que perderam no caminho, de sonhos alcançados, com tanto para partilhar... Mas os dias de hoje trocaram-lhes as voltas, desencontraram-se dos seus, perderam os amores das suas vidas. No hoje dos outros não há tempo para partilhar. O seus dias e noites são longos, tic-tacs demorados, que inquietam a alma. Já o dia dos outros, dos de agora, são rápidos e fugazes, dias de afazeres sem fim, que lhes roubam as visitas, os telefonemas, que lhes levaram para longe os beijos e os abraços, os serões de conversa com companhia, os almoços de família... Que dias estes! Que prioridades as nossas?!

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