Porque não me entendes...
in Somos Mais do que Histórias - Desabafos de Amor, Cordel d'Prata
De mim arranquei o melhor,
Renascido da lama onde afundei,
Para te dar, partilhar, sentir.
Mas tu não me vês, não me alcanças.
Como perdida no nevoeiro.
Não me escutas, não me entendes.
Como gritos abafados no caos,
Somos decibéis dissonantes.
Universos paralelos,
Que se encontram ao pôr do sol,
Para logo se perderem de si...
De ti.
Sou o que sou.
Sem filtros, sem máscaras, sem dó.
Digo o que sinto, o que penso, o que vejo.
Sou um rio de águas límpidas,
Que corre pelo leito sem barragens,
Abrando, acelero, desaguo.
Não tenho, nem sei como fingir.
Não disfarço, não ignoro, não enleio.
E tu não vês.
Preferias um lugar comum.
Um laço perfeito, de normalidade,
De guardar para si e sorrir.
De capas e filtros de moralidade.
De normas civilizadas.
Mas eu sou tribal, selvagem.
Ataco por instinto, protejo por instinto e amo genuinamente.
Não quero segredos, nem guardar enredos.
Partilho o bom e o mau de mim.
Darei sempre os meus melhores dias,
Mas espero ser recebida de braços abertos nos meus piores.
Somos alegria e tristeza,
Sol e trovoada,
Silêncio e barulho,
Amor e ódio,
Saúde e doença,
Mulher e Mãe.
Vida e morte!
Não me queiras pela metade.
Ama-me pelo meu todo.