Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
Partilha de sentires, emoções, aferições, estados de alma e coisas banais. Pequenas histórias de ontem, de hoje e que se sonham para o amanhã.
Poemas meus e desabafos de amor e de vida.
A igreja anunciava as findas horas da noite. Há 30 anos que assim era. As badaladas a soarem como a voz de uma mãe que anuncia que é tempo de levantar e hora do descanso. Em casa, os seus dias eram ritmados por elas, sem nunca perderem o fio ao tempo ou então, como acontecia nos domingos preguiçosos, despertavam para a demora nos lençóis, quando enroscados um no outro contavam em uníssono silêncio as batidas no ferro, para descobrirem que tardaram no ninho, no amor. Artur e Inês, (...)
Quando vos acolhi nos meus braços e no meu peito para sempre... memórias.
Maresia
Os meus três tesouros...com um mesinho de vida...dias tão mágicos, dos quais recordo como me sentia a cada momento mais apaixonada por aqueles seres humanos tão frágeis, doces e tão meus...tão grata e feliz! O meu coração guarda na memória as horas em que ficava embevecida a olhar-vos, em que vos embalava cantando melodias que criava só para vós e tão nossas. Não mais voltarei a ser mãe, não mais caberão nos meus braços e viajarão balbuciando até ao mundo dos sonhos, de (...)
Desde que criança que me intriga perguntarem-me se gosto mais deste ou daquele, se esta pessoa é mais ou menos, se tenho este ou aquele preferido. E tal como nunca tive só e apenas uma cor preferida, uma música preferida, um filme preferido, um livro preferido, pois cada coisa tem o seu contexto, o seu momento, a sua beleza, também não tenho pessoas preferidas. São algumas as que ocupam um lugar especial e não recorro a pódios. E quando fui mãe, ainda me chocou mais, questionarem (...)
Chegaste! Já estava à tua espera nesta paragem dos 40. ⏳ O que se passou até aqui, o que vivemos, aquilo a que sobrevivemos, desde crianças, não mais voltará. Não mais correremos nos corredores da Marquesa, não mais abancaremos nas pulgas, não mais seremos os adolescentes, não mais beberemos aqueles copos, não mais beijaremos aqueles amores, não mais desafiaremos o perigo. Não mais serás o puto da bola, o futebolista do Estoril, o estudante universitário, o novato da (...)
Hoje, a minha mãe levou-me pela mão a passear na sua aldeia natal da Trindade, em Beja. Corriam os finais dos anos 50...por aí... Percorremos as ruas, espreitámos postigos e relembrámos rostos da sua infância. Na Travessa dos Mestres, visitámos a Avó Helena, que estava a fazer alguidares de massa e a fritar filhoses, já o Avô Helena bracejava de forma ágil no seu ofício e dizia à minha mãe, que de tanto o ver fazer, qualquer dia também ela faria sapatos. Na oficina da (...)
Meu Francisco, Hoje, decidi imortalizar o nosso primeiro encontro na palavra escrita. Esta é também uma memória tua, para reviveres e recontares. Há 15 anos, estava pronta para te receber. Ou melhor, a rebentar para te conhecer. A tua já grandeza e superpoderes começavam ali... Confesso que receava a qualquer momento, ao mínimo toque, rebentar qual balão sob pressão. Não querias sair do aconchego e o médico, ao fim de dezenas de observações e ponderações, lá decidiu que (...)
Um ano, dez meses e vinte e sete dias nos separam. Certamente, não te recordarás da tua vida sem mim. Infância a nossa, de verdadeira irmandade, cumplicidade e de seguir em frente de mãos dadas. Mais para meu amparo e doutrina. Através dos teus olhos descobria o mundo e seguia os teus passos como lapa curiosa, chata e desvairada. Desculpa a tormenta perante as vontades e desaires desta irmã mais nova. Crescíamos num mundo só nosso, lado a lado. Diziam-nos gémeas, mais pela (...)
Recordo a música do empedrado, o desfile das brancas caiadas, o ladrar dos cães, os anciãos nas escadas de Deus e, por fim, aquelas vozes melodiosas de boas vindas. Era assim, o regresso à pequena aldeia. Aldeia de ecos, de crianças livres, mulheres de negro e homens camuflados. Raízes que me prendiam ali, distantes do meu mundo que ficara bem lá para trás, no fundo da longa estrada. Universo paralelo da minha infância, onde descobria os avós, os tios, os primos. Onde a minha (...)
Se me visses agora, Olhos nos olhos, Se me sorrisses, Certamente, correrias para os meus braços. Que saudades eu tenho de ti! E daqueles que então podias beijar. Não segui a estrada dos teus sonhos, Afinal, nem sempre encontrei campos verdejantes, nem pude visitar todos os castelos. Deixei-me encantar pelas quedas de água, pelas arribas, corri a olhar o nosso céu estrelado... E caí, caí muitas vezes. Levantei-me outras tantas. Os nossos longos dias foram-se (...)
Guardadas em mim fechadas. Flores secas nas páginas de um livro. Perco-vos, a cor e o foco. Rostos esbatidos. Sinto-vos no sorriso e no peito. Fechadas em mim perdidas. A vossa última morada de uma vida. Comigo irão, para as estrelas. Eternas no vazio. Escrevo-vos nas entrelinhas, em mim. Perdidas em mim vividas. Tijolos e argamassa do meu pulso e pensamento. Sem vós, incompleta. Páginas em branco. Puxo-vos da alma para a ponta das letras.
Ser mãe sempre foi aquilo que quis ser e não aquilo que queria ter. E acima de tudo, para se ser mãe, há que desejá-lo e de preferência com muita força. Pois aí, o instinto e o afecto funcionam com sucesso e são os nossos melhores orientadores, os guardiões dos melhores cuidados maternos. Sou mãe de três fantásticos seres humanos. E cada um deles é especial na sua diferença e individualidade. Nasceram em circunstâncias diferentes, em idades diferentes, em momentos (...)